domingo, 1 de junho de 2008

Reologia no mundo corporativo?

Reologia no mundo corporativo?

Muito se tem falado a respeito da resiliência (1) aplicada ao mundo corporativo. O que nem todo mundo fala é o impacto da má administração no comportamento de seus colaboradores. Ou seja, que tipo de reologia (2) os maus gestores causam no comportamento de seus colaboradores?
Vamos analisar alguns casos:
a) As empresas se organizam hierarquicamente e desejam pessoas flexíveis, inovadoras, multiespecialistas, dentre outras características tão buscadas no mercado – o resultado dessa mistura bombástica (organização de 1900 e pessoas de 2008) é um alto nível de insatisfação de ambas as partes. Recentemente pesquisei o organograma de centenas de empresas, para minha surpresa (será?) os mais modernos utilizavam estruturas matriciais criadas no fim da década de 50. A grande maioria se organiza utilizando conceitos típicos da era do Ford T. Qual a deformação que isso causa nos colaboradores mais antenados com o mundo de mutação dos processos? Insatisfação, desmotivação, eficiência ao invés da eficácia, falta de garra e vontade de mudar.
b) Gerentes e supervisores sendo denominados como líderes – O líder do poder atribuído, com habitualidade, não é considerado como líder por seus subordinados que continuam o chamando de “chefe”. Resultado: grande parte dos colaboradores tem como motivo primeiro, a insatisfação da forma como o seu chefe (líder, nunca) administra a área de sua responsabilidade.
c) Gestão do curto prazo – é muito comum a utilização da miopia empresarial pelos gerentes que mal conseguem olhar o presente. Eles vivem atrás de realizar metas sem se preocupar com o rumo que sua empresa está tomando. Será que olhar só para o agora, sem objetivos de longo prazo, leva as empresas a algum lugar? Claro que sim.... para o buraco. É muito comum nesses empreendimentos olhar mais a meta, do que o impacto dela no nível de serviço aos clientes. Resultado? Xô clientes!
d) Controle do tempo como instrumento de produtividade. Vamos pensar na coleta de lixo ou de resíduos para ficar mais bonito. Os coletores correm, trabalham felizes e não admitem que ninguém faça corpo mole durante o trabalho. Por quê? Simples, a eles é dada uma área que deve ser mantida limpa. O que acontece se eles terminarem antes do término do expediente? Isso mesmo, eles podem ir para casa, para outro trabalho, ou para onde quiserem. Isso é trabalhar por objetivo. O que acontece com uma confecção típica? Vamos supor que eles tenham que produzir 1.000 peças. O que acontece se um funcionário (ou grupo de funcionários) se esforça ao máximo e antes do término do expediente ele já produziu as 1000 peças? Claro, ele vai ter que ficar esperando (e produzindo) até soar aquele apito de fim de expediente. Será que ele vai se esforçar tanto no dia seguinte? Meio difícil não é.

Oscar Correia – administrador, consultor e instrutor.
Autor dos livros: O Profissional Líquido e
Kit de sobrevivência para nova economia
www.oscarcorreia.blogspot.com
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(1) Resiliência: capacidade que alguns materiais possuem de sofrerem todo tipo de pressão e depois retornar a sua condição normal. O material utilizado para produzir a esponja é um bom exemplo de material resiliente
(2) Reologia: estudo das deformações dos materiais.

Um comentário:

Unknown disse...

Diz ai Oscar, as postagens tao ficando estilosas, einh... rsrsrs
Mas agora comentando acerca do post: as vezes eu penso que quando um cara abre uma empresa (a maioria) ele tah pouco se lichando se ele vai fazer o bem no ambiente, se o cliente vai ter o devido sucesso, o merecido atendimento... o que ele quer é grana, seja de que maneira for.
Já fui em algumas lan-houses em que você paga 2 reais para uma hora de internet e 2 reais para uma hora de jogo. voce não podia fazer os dois ao mesmo tempo. sendo assim, uma pessoa colocava 2 reais em cada um dos serviços... um absurdo! jah ouvi casos de que você precisava pagar 5 reais só para se cadastrar...
sendo assim, acho que precisamos abandonar os modelos mentais do Ford T e adotar modelos mentais de, quem sabe, uma Ferrari?
rsrsrs
ta ai minha opinião
um abraço