sábado, 21 de junho de 2008

É só alegria...

É só alegria.....

“Um dos maiores desafios da indústria pesada leia-se rodovias, pontes, hidrelétricas – é contratar e reter profissionais qualificados. A falta de mão-de-obra é de – pasmem! - 100.000 pessoas. São engenheiros, administradores e advogados...” Revista Você S/A edição 120 – junho de 2008.

Será que engenheiros, administradores e advogados vão se sujeitar a serem tratados como MÃO-de-obra? Creio que não! O tempo do Ford e do Chaplin já era. Contudo, quem estiver disposto a trabalhar para empresas que acham que somos apenas MÃO-de-obra, tudo bem. Eu não me sujeito a participar de uma empresa que tenha um foco desse. Somos CAPITAL INTELECTUAL, ou seja, somos nós que fazemos à diferença! Qualificar pessoas para serem tratadas como MÃO-de-obra? O tempo da escravidão, já era! É sobre esse enfoque empresarial que escrevi os artigos “Reologia no mundo corporativo” e “Modelos mentais para o sucesso”.

Segundo pesquisa da PricewaterhouseCoopers – Pesquisa Global com Presidentes (2008) publicada na revista supracitada (pg 34), indica as competências mais importantes para um executivo atualmente:

ð Flexibilidade para mudanças
ð Liderar e desenvolver pessoas
ð Espírito colaborativo
ð Criatividade e inovação
ð Antecipar e administrar riscos.

Caraca!
Para sermos tratados como MÃO-de-obra? Assim não dá!
Para sermos administrados por um cartão-de-ponto? Assim, também, não dá!
Um profissional líquido não vai se sujeitar e se manter automotivado numa estrutura hierárquica criada no início do século XX.
Senhores Presidentes, é preciso trafegar em via de mão dupla, ou seja, se vocês querem um profissional assim, é necessário mudar a forma de se organizar e de gerenciar pessoas.

Os Presidentes estão tomando as seguintes medidas para reter os talentos contratados:

ð Mudar a maneira de recrutar, motivar e desenvolver pessoas para atrair mais talentos.
ð Investir em treinamento e desenvolvimento.
ð Criar regras mais flexíveis no trabalho
ð Aumentar salários e benefícios
ð Redefinir funções e cargos
ð Procurar talentos em mercados diferentes.

Show de bola!

Vão investir em treinamento e desenvolvimento para depois gerenciá-los como no início do século passado? Qual será o futuro dessa empresa? Contratar novos talentos, treiná-los e depois perdê-los para empresas mais atraentes!

Criar regras mais flexíveis de trabalho me parece uma atitude inteligente, desde que outros ingredientes da feijoada empresarial sigam na mesma direção. Caso contrário, veremos um brutal distanciamento entre o que se fala e o que se faz. Como resultado teremos mais desmotivação.

Aumentar salários e benefícios me parece um medida típica de Ford, Taylor e outros baluartes da era industrial clássica que as empresas insistem em preservar ainda hoje. Será que aumentar salários depois que a “coisa já está preta” vai resolver alguma coisa? Só se os profissionais não forem efetivamente talentosos. Os talentos que se preocupam com a ética vão buscar novas praias. Aumento do salários deve ser uma ação constante de reconhecimento pelo trabalho realizado e não somente uma tacada desesperada para reter pessoas.

Redefinir funções e cargos é outra medida desesperadora. Porque somente agora que o crescimento da economia está forçando a dança das cadeiras? Ações desse tipo devem ser realizadas rotineiramente para tornar o ambiente de trabalho mais apropriado para a criatividade e a inovação, indispensáveis para a saúde financeira das empresas.

Finalmente, buscar talentos em outros mercados (será que vamos começar a contratar chineses?) vai apenas protelar o resultado indesejável. Mesmo os chineses vão se sentir desmotivados quando descobrirem que existem formas mais humanas de trabalho e que as empresas que se preocupam com o bem-estar de seus colaboradores são as mais rentáveis do mercado de ações.

Em resumo: os gestores já perceberam que a forma como estão gerenciando seus colaboradores é inadequada ao perfil profissional desejado.
Eles só não descobriram o óbvio: a hora é de gerenciar COM pessoas, portanto, precisam tratar seus talentosos colaboradores como SERES HUMANOS.
Eis a receita para o sucesso.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Por Fábio (tah dando erro ali no nome...)

Nossa... muito legal o post!
Eu percebo duas atitudes iguais em situações diferentes no Brasil e na China.
No Brasil, há emprego, ensino, liberdade de expressão, de debate, de imprensa, incentivo àquele que quer aprender e, mesmo assim, ainda tem gente que se acostuma com o emprego "miserável" que tem.
Na china é diferente: lá a situação é totalmente diferente e ele trabalham que nem doido!
sei que existem outros fatores, como a "superpopulação", mas eu percebo que se o brasileiro quisesse evoluir, ele conseguiria. Uma das coisas que falta é concientização, que virá (espero que venha...) com a educação.
E com um pouquinho de "se-mancol" também...
A partir do momento que as pessoas começarem a valorizar-se profissionalmente, consideram um funcionário mão de obra será o início da decadência de qualquer empresa.