domingo, 16 de março de 2008

Duas histórias (sobre empreendedores)

Duas histórias ...

Uma história ...

Fernando, biólogo de formação, estava disposto a “montar” um negócio com sua esposa, exímia cozinheira de fins-de-semana.
Após conversar com diversas pessoas, optara por utilizar a estrutura de um restaurante de comida a quilo, cujo proprietário estava disposto a passar o negócio sem o famigerado ponto comercial.
Fernando e Eneida estavam empolgados com a nova possibilidade e lançaram-se de corpo e alma no novo empreendimento. Ele faria a parte administrativa e ela a parte operacional da cozinha.
Visando acelerar o processo, optaram por manter parte dos funcionários existentes. O preço, bem, o preço merece um capitulo a parte, foi definido tendo como balizador o menor preço do mercado. Para isto, várias visitas de espionagem foram feitas aos concorrentes num raio de um quilômetro quadrado.
Eles observaram que não existiam grandes diferenças entre a qualidade dos produtos preparados. Como diferencial mercadológico, optaram por produzir pratos com qualidade superior ao do mercado.
Aparentemente o restaurante, sob nova direção, ia de vento em popa. O número de clientes era crescente e, por incrível que pareça as dívidas também seguiam “animadas” e o grau de insatisfação de Eneida e de Fernando também era crescente.
Em pouco tempo, Fernando e Eneida concluíram que era melhor fechar o negócio.

Outra história ...

Otávio era uma pessoa que se podia chamar de visionário. Já havia tido diversos empregos, porém, não se satisfazia como empregado, sonhava em criar o seu próprio empreendimento.
Participou de um curso, de curta duração, sobre empreendedorismo. Estava em dúvida sobre o quê fazer.
Seguindo o aprendizado do curso, procurou imaginar-se com 10 anos mais. Da mesma forma, procurou visualizar o mercado em 2010. O que Otávio esperava de si ? De que forma poderia se enquadrar neste mercado visualizado ?
Relacionou uma serie de idéias de negócios que poderiam ir de encontro com suas características. Fez e refez esta lista inúmeras vezes. Eliminou algumas idéias e incluiu outras.
Procurou alguns amigos do peito e discutiu com eles suas idéias. Sua lista estava cada vez menor. Nestes papos, descobriu que João era a pessoa certa para ser seu conselheiro.
Após muitas horas de insônia e de rascunhos lançados na lixeira, optou por um negócio que deveria demorar mais ou menos dois anos para ficar pronto, ocasião que, sob sua ótica, o mercado já estaria pronto para consumir seu produto.
Partiu então para definir exaustivamente seu negócio e o perfil de seus clientes. Fez diversas pesquisas de mercado tentando identificar as necessidades de seus futuros clientes, definiu o plano de marketing (inclusive o preço do produto e expectativa de venda), levantou em detalhe seus concorrentes diretos e indiretos, identificou as necessidades de investimento, calculou minuciosamente suas despesas e receitas esperadas e, finalmente, identificou o resultado liquido esperado. Calculou o ponto de equilíbrio - momento em que passaria a ter algum retorno no seu negócio.
Estando o Plano de Negócio concluído, foi direto conversar com João.
João ficou abismado. Como em tão pouco tempo (apenas alguns meses) tanta informação havia sido coletada e avaliada em seus mínimos detalhes? Desta conversa surgiram novas idéias que foram incorporadas ao Plano de Negócio. Naturalmente, este teve que ser parcialmente alterado. Otávio trabalhara muito, mas estava satisfeito. Quando ficou convencido da possibilidade de sucesso de seu empreendimento apresentou seu Plano de Negócio a uma Incubadora de Negócios que prontamente o acatou.
Em menos de dois anos Otávio colocou no mercado um fogão inovador, dotado de toda tecnologia disponível, inclusive sensores óticos que ligam automaticamente o fogão quando a panela é colocada na grade de calor, controle remoto, interligação com o microcomputador da família e consequentemente acesso a Internet, para não falar de outros dispositivos também de alta tecnologia.

Será que o negócio de Otávio irá se transformar em sucesso?????
Não podemos afirmar com segurança, porém, todo o caminho foi percorrido e os erros básicos de Fernando não foram repetidos. Aparentemente, existe uma probabilidade razoável da empresa do Otávio “decolar”. Ao passo que no caso de Fernando somente uma “estrelinha” poderia levá-lo a alçar vôo.
Qual das duas histórias seria a sua, amigo(a) leitor(a) ?

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