domingo, 17 de agosto de 2008

A hora da verdade

A hora da verdade.

Sob o título de “Chefe Despreparado” a revista Você SA de agosto de 2008 faz um balanço que indica que a maioria dos gestores não está preparada (50,03%) ou precisam se desenvolver (38,43%). Ou seja, existe um “descompasso entre o perfil atual do gerente e as exigências do mercado”.

“O que o mercado exige dos gestores:

. Trabalhar em time e desenvolver pessoas.
. Saber reagir a mudanças e responder às situações novas.
. Comunicar-se bem verbalmente e por escrito.
. Enfrentar momentos de pressão com equilíbrio e clareza.
. Desenvolver-se sempre e trazer melhorias para o ambiente.
. Saber negociar questões relevantes e gerar resultados.
. Tomar decisões com base em uma visão ampla da situação.
. Saber administrar conflitos e costurar acordos.”

Em um Brasil com acelerado ritmo de crescimento econômico, possuir um quadro de gestores com esse perfil é, no mínimo, preocupante.
Essa preocupação pode ser observada através do crescente investimento em capacitação e desenvolvimento que as empresas mais antenadas estão promovendo.

Para agravar esse problema de aumento de demanda por pessoas qualificadas e escassez de pessoas preparadas, as multinacionais alargaram seus espectros de contratação e começam a prospectar talentos em todo o mundo. A América Latina, em especial o Brasil, é o principal foco de atenção dos caça-talentos.

Na mesma revista, o artigo “O problema é de todos” relata trechos da entrevista com o LÚCIDO diretor mundial de gestão de pessoas da SAP, hoje com 53.000 colaboradores. Ele propõe um esforço global para evitar uma guerra para contratar talentos. “Para resolver essa questão, Claus quer juntar na mesma mesa de discussão empresários, executivos e governo.” Mais adiante ele comenta: “Se não temos mão-de-obra qualificada em número suficiente no mercado, o que acontece é uma briga por talentos. No próximo ano, somente a SAP tem uma demanda por 1.300 profissionais com conhecimento de idiomas e tecnologia. Provavelmente um terço desses profissionais será recrutado por nossos parceiros. Outro terço, pelos nossos concorrente. Com sorte, nós teremos recrutado parte do restante. Falta gente para suportar a estratégia de crescimento das empresas.”
Creio que o termo mão-de-obra foi traduzido indevidamente pelo jornalista da matéria, tendo em vista que ele, certamente, é uma pessoa visionária e ciente da importância das pessoas para fazer as empresas crescerem nesse cenário turbulento. Veja se minha percepção é correta: “Para ser bem honesto, eu não gosto da expressão gestão de talentos. Ela se tornou sinônimo de um grupo especial de pessoas. Eu prefiro a expressão de gestão do desenvolvimento. Minha missão é desenvolver os 53.000 funcionários da SAP. Precisamos de todos eles. Olhamos os profissionais com baixo desempenho e perguntamos ´como ajudá-los a melhorar?´ O que importa é a expressão ´desenvolvimento de pessoas´ quer dizer todo mundo, e não apenas um grupo de iluminados”.

Além dessa problemática, as empresas, através de gestores despreparados, precisam conviver e aprender a lidar com a chamada Geração Y (pessoas nascidas entre os anos 80 e 90)., onde as fórmulas de retenção de pessoas usadas no passado (aumento salarial) já se mostram insuficientes. Desafios, oportunidades de desenvolvimento e bom clima organizacional são tão importantes – ou até mais - quanto o salário. A geração anterior – que eu chamo de peopleware – deu muita dor de cabeça até ser entendida e melhor gerida.
Assim, cada geração traz consigo uma nova forma de olhar o mundo e as empresas precisam, rapidamente, perceber essa nova demanda e se adaptar a ela.

Gestores de todo o mundo: acordai! São as pessoas que fazem à diferença! Chega de olhar apenas para o umbigo, ou para os resultados de curto prazo. As pessoas estão mudando de emprego porque durante todo esse tempo, o resultado imediato foi a tônica da gestão empresarial. Os clientes estão sumindo porque vocês esqueceram que são eles que pagam o seu salário no fim do mês. O curto prazo só é importante se ele for parte integrante de uma estratégia mais longa.

Gostaria de encerrar esse papo com uma frase de Eugênio Mussak, professor da FIA:

“O melhor lugar do mundo é aquele que você pode ajudar a ficar ainda melhor.”